sexta-feira, 3 de maio de 2013



Texto de apresentação da "Pequena D'Alva". Que ela seja o melhor depois da Insônia para vocês também:


Paisagem montanhosa atrás do Hospital Saint-Paul

         
   “Louco! Dizem que estou louco! E de tanto repetirem isso, estou começando á crer que é verdade... Espere! Talvez, só por um talvez, eles estão certos! Deus aonde estou? Hospital! Sim, um hospício, ou um asilo. Ó céus onde está minha sanidade? Onde está minha orelha?!”

Assim ele acorda piscando freneticamente procurando uma visão ampla de onde se encontrava.

   - Vincent, se acalme! – Falou uma enfermeira que entrou no quarto. A qual possuía longos cabelos loiros, presos por clássico coque.
   - Quem é você?! – Ele berrava gesticulando coisas sem sentidos com as mãos.
   - Sou Marie, não lembra-se de mim? Sou sua enfermeira, conversamos ontem – Explicou para ele.
   - Marie? Marie! Quem é Marie? Espere, sim, é a minha gentil enfermeira. Olá Marie! – disse mudando completamente de humor
   - Vejo que está mais calmo... Bem, tenho uma surpresa pra você Van Gogh!
   - Minha orelha?! – Mostrava agora, um sorriso de criança no rosto.
   - Sua orelha continua no lugar que sempre esteve Vincent! Lhe trouxe algumas tintas e essa tela – Ela respondeu
   - Muito obrigado Susan... Quero dizer, Marie? – Confuso
   - Sim Marie. Então Vincent, se quiser pintar, vou deixar em cima de sua maca –
   - Que maca?! – Perguntou de olhos arregalados
   - A que está sentado Vincent – Falou atenciosa
   - Ó achei! Obrigado Marie.

   Assim, ela sai, deixando-o sozinho com sua loucura.

“Como era mesmo? Tela, depois tinta, aí pintar. Não, acho que era pintar, tela e depois tinta...”

    Ele então, começa a balbuciar descontroladamente na esperança de lembrar pelo menos como se fazia, a coisa que sempre fez.
Um tempo depois, o mesmo se dirige até a janela e admira a linda paisagem de trás do hospital onde se encontrava.

“Céu, montanhas, casa, grama... Céu, montanhas, casa, grama!”

Estalou os dedos e correu até sua maca, pegou seus materiais e voltou. Já no caminho, espirrou gotas grandes de tinta na tela, espalhando-as com seus dedos.

“A casa! Casa! Aquela que está ali...” – Cantarolava como um bobo enquanto fazia sua arte.

“Grama! Como gosto dela! Se Gauguin, estivesse aqui ele iria adorar. Não! Eu briguei com ele!” – Suas passadas na tela, que antes eram calmas, se tornaram grossas e agressivas.

“Ha ha! Você gosta do céu não é Gauguin?!” – Estava sínico, chorando e rindo.

“E as montanhas? Grandes e imponentes, tão diferentes de você, de mim!”

Nesse ponto, tinta respingava para todas as direções. Cantando e berrando com o nada. Até finalmente, dar seu veredito, considerando a obra finalizada.
Sua respiração estava ofegante, por conta disso ele se senta no chão balançando-se para frente e para trás. Até algo, que parecia uma luz de sanidade que brotava em sua mente, fazer despertar daquele transe dizendo aos gritos:

“Paisagem montanhosa atrás do hospital Saint-Paul!”

Com toda sua barulheira, Marie a enfermeira, abre a porta rapidamente e muito preocupada.

- Aconteceu algo Vincent?

Ele respirou, parecendo pensar:

-Minha orelha Marie... Acho que a cortei... – Falou cabisbaixo, encarando a linda obra que acabara de criar.

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