quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Como se dá bom-dia para quem ainda não dormiu?

   Fique a vontade, não te culpo pelo meu sono ruim, pelo meu sonho ruim, ou a falta deles. Culpe as borboletas inválidas no meu estômago, as estrelas que morreram sem cortejo. Culpe o pianista surdo que não ouviu suas últimas palmas, o peito que se afoga em vazio.

   A madrugada vem e passa, deixando ora dormência, ora arrepio. Eu sempre achei que o orvalho eram lágrimas que a noite escondia por orgulho, talvez hoje ela chore por ti. 

   Bom dia, a quem teve sono leve e acordou alarmado e então, deixou-se afundar em algum abismo. Saiba que um sonho morreu para eu lhe dar bom dia, um seu. Talvez eu deixe de adormecer, para que os sonhos vivam e outra coisa padeça com minhas olheiras. Eternamente ouvindo boa noite e madrugando, partilhando sonhos de boêmios. Não parece tão ruim ficar sem o seu bom dia.

Dor de estômago pós boca da noite



Exaurindo-se nas dores do corpo e nas além dele.
Falta de sono é dormência.
Acreditar que não, é peso-morto.
peso-morto da não-existência.

sábado, 19 de outubro de 2013

Bilhete de jogo de cama.

Quando estamos só eu e você, eu sinto menos minha. Menos minha tristeza. Menos minha decepção. Menos minha incapacidade. Eu me sinto "impertencente" de qualquer coisa que não esteja na distância dos seus olhos nesses momentos. 

Quando estamos só você e eu, dormir em paz é eternidade. 

Tercetos para um Insone

E é assim, sem boa noite que eu me despeço. Teu silêncio é um acoite espontâneo. Teu amor é objeto, falta é sucedâneo. Sem boa noite, a noite não será. Meu silêncio é um acoite, que navalha a mente insone. Os sonhos que ninguém sonhará, a sombra da fresta que colecione.

O meu, eu deixei pra ti embrulhado em desculpa.
Todo silêncio é um açoite, que eu sinto sem ti.
Sentimento que usurpa, a noite que não dormi.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Constelação de memórias



Costas da mão estão paraplégicas.
E as cordas vocais desfiaram.
Tetos celestes desabaram

Fios de cabelo entre os dedos,tecem lembrança.
Órion nos seus olhos
E se a poeira de estrelas eu fosse alérgica?

Anos luz de distância
Brilho de galáxias que uma noite chegaram
Pedidos ao céu da boca

São feitos e perdidos.
Constelação de memórias, eis a nossa história.