sábado, 25 de janeiro de 2014

Falso Despertar



   Ela desperta, o ar lhe fugindo dos pulmões apressadamente. Os olhos se apertam para tentar ver na penumbra do quarto. Eles se acostumam com as sombras e os suspiros ficam mais esparsados. O coração se acalma. Levanta-se e anda até o banheiro, o piso frio, o barulho da porta.
   Então ela desperta, franze o cenho, falso despertar. Levanta-se e sente o quaro girando. Deita e tenta acalmar o peito que chuta com raiva a caixa torácica. A pulsação não desacelera, o ar teima em não ser suficiente. Respira e nada. Respira e se afoga em nada. Respira e...
   Então ela desperta. O corpo numa posição estranha. A testa molhada. O coração não cessa. Pensa e logo o corpo pende como trapos.
   Então ela desperta, se aninha em alguém que ressona. Dá um meio sorriso e respira tão profundamente que sente o cheiro da própria descrença. Cerra os os olhos. O quarto se torna mais claro, a luz faz seus olhos piscarem deliberadamente. Ela os abre por um segundo, escapa um nome rouco. Ninguém. 
   Então ela dorme.
     

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