quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Recomeço?


     Nunca consegui conviver bem com velhas perdas. Elas geralmente tem aquele tipo de assunto saudosista de "no meu tempo...".Passam horas conversando contigo com os olhos vagos em alguma lembrança. Relembram o tempo que foram o futuro de alguém, que viviam felizes em seus sonhos.
  Velhas perdas viveram demais em um mundo que já não se encaixam. Sentem saudade de coias simples que você já não pode lhes dar. Um abraço de quem vocês amaram, a expectativa de um sorriso, ouvir seu coração fora do ritmo. Então elas te olham fundo nos olhos e você sente-se culpada por coias que fez, deixou de fazer, pensou em fazer. Por isso não consigo lidar tão bem com elas.

   Quando essas perdas estão no começo da existência, você dá mais atenção a elas, seca seus prantos, passa noites acordadas vigiando-as. É uma companhia que te consola quando está se sentindo realmente sozinha. Mas isso não é para sempre. Elas envelhecem e você segue sua vida.
   Tem dias que você acorda e se lembra de alguma, ou quando está preparando um café. Se lembra de como foi dolorosa a fase em que a vida lhes apresentou. Suspira fundo, vai ouvir uma música e pensa realmente se pode supera-la.
   A maioria você deixa que enterrem em uma cova qualquer e sente raiva de você, mas a vida só pode ser vivida assim. Mas tem aquelas Velhas perdas que nunca se vão, porque deixar que desliguem seus aparelhos significa deixar morrer uma parte sua que sentiu, que amou, que viveu. É deixar-se esquecer algo que realmente te marcou.
  No fim, quando seu último suspiro chegar, talvez uma Velha dor te venha fazer companhia e segurar sua mão. E talvez só ela. 

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