Jaz no chão, o amor que não floresceu.
Jaz no chão, o botão decepado do galho torto.
Jaz no chão, as lágrimas mornas e o soluço rouco.
Aquiles morto, Herácles louco.
Os grandes permanecem para sempre, mas vivem pouco.
Jaz no chão, meu corpo.
Escreveu a poetisa no quarto do casal. A Musa dela dormia nua e ressonava. Tão linda. A poeta deslizou os dedos no cabelo encaracolado de sua amada.
"Morena, sempre soube que seria a flecha no meu calcanhar naquele domingo de outubro, naquele beijo de novembro, nesse 'eu te amo' de dezembro"- Sibilou a poeta, tão baixo que a Musa não ouviu. Nem o homem que dormia ao lado dela ouviu.
O que se ouviu foi um tiro.
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